14 de novembro de 2009

Gattaca


O filme Gattaca – A Experiência Genética, de Andrew Niccol (1997) é um caso exemplar. Apesar de ser um filme de ficção-científica deixa claro sua intertextualidade. A partir de um certo momento, Gattaca parece se tornar um filme policial ou de suspense quando o drama narrativo se desloca para a busca do assassino de um dos directores da corporação Gattaca. Com o desenrolar , todo o suspanse se concentra no personagem Vincent Freeman, um inválido condenado pelo seu código genético a tarefas degradantes (Freeman significa, literalmente, “homem livre”). A sociedade de Gattaca está dividida em duas “classes sociais”, os Válidos, os “filhos da Ciência”, produtos da engenharia genética e da eugenia social, e os Inválidos, os “filhos de Deus”, submetidos ao acaso da Natureza e às impurezas genéticas. Gattaca retrata uma sociedade de classe cuja técnica de manipulação do código genético tornou-se prática quotidiana de controle social. Vincent é um jovem ambicioso, que sonha ir além do seu destino genético e decide assumir a personalidade de Jerome Morrow, um Válido que, em virtude de um acidente, ficou paralítico. Utilizando os serviços clandestinos de um “pirata genético”, Vincent clona os registros genéticos de Jerome e assim sua ambição é driblar as restrições de classe e integrar-se na elite intelectual e de Gattaca e assim realizar seu maior sonho: ir para o planeta Titã, satélite de Júpiter. No final, Gattaca sugere um drama familiar quando Vincent encontra em Gattaca, seu irmão Anton, que descobre a verdadeira personalidade de Jerome e ameaça denunciá-lo. Torna-se claro, mais uma vez, a rivalidade entre irmãos (que é, no filme, a transfiguração de uma rivalidade de classe. Um, “filho de Deus”, nascido do acaso da Natureza, outro, produto de um planejamento genético quase perfeito.